Conheci o Edgardo Pacheco quase por acaso, quando fui com uma amiga comum – a Carolina – ao lançamento do seu livro ‘Os 100 melhores azeites de Portugal’.
Como gordura monoinsaturada, saudável e fundamental na dieta mediterrânica, o tema ‘azeite’ já era, só por si, interessante. O evento propriamente dito foi um previlégio… Uma lição de como se faz o bom azeite, a importância do tipo de azeitonas usadas mas também do processo e do local onde se espremem e, por fim, como se prova. E tudo isto na companhia dos melhores chefes do país, que contribuíram com receitas exclusivas à volta do azeite.
Saí de lá rendida ao tema, dona orgulhosa de um exemplar do livro. E fascinada pelo facto de haver já tão bom azeite em Portugal.
Mas não tinha conseguido falar pessoalmente com o Edgardo. Não tinha feito as perguntas todas – ou melhor, nenhuma. E, por isso, quando decidi começar a trazer algumas conversas interessantes para o Glow Chef, lembrei-me logo dele e tive a sorte incrível do desafio ter sido aceite.
O vinho do Porto, o chá e muito mais
Na passada quinta-feira, tivemos uma tarde de conversa, enquanto a Carolina fotografava.
Confesso que das perguntas que levava, poucas fiz. Mas pelas melhores razões: o Edgardo é tão bom conversador, que o tempo passou a correr e esta Glow Chef ficou muito mais esperta não só em azeite mas também em temas como o vinho do Porto, chá e onde encontrar o melhor em Portugal, eventos culinários exóticos que acontecem no norte do país e ainda literatura…
Comida ou bebida?
Esta pergunta impunha-se. Afinal passámos mais de uma hora a falar sobre vinho, ainda que o vinho do Porto.
A resposta foi simples: não vive um sem o outro.
Curiosamente, é assim que deve ser. O vinho, como bebida alcoólica, não é propriamente um alimento saudável. Mas no contexto das pesquisas realizadas sobre a dieta mediterrânica(*), conclui-se que o vinho é um elemento fundamental de uma alimentação convivial e celebratória, cujo consumo moderado, à refeição, contribui para a saúde dos povos que seguem este tipo de regime.
Como surgiu a relação com a cozinha?
Claramente, no contexto familiar. A mãe cozinha lindamente, a avó também cozinhava. Os irmãos também cozinham e as reuniões familiares frequentemente resultam em desgarradas de dotes e habilidades. Melhor que o Fado 😉
E como passou do jornalismo político para o jornalismo gourmet?
Em resumo, porque sabia muito sobre o tema e estava no sítio certo na hora certa!
O bom azeite: como vê evoluir este tema, depois do êxito do livro?
A resposta veio sob a forma de desejos formulados:
nós, os consumidores, começarmos a estar mais informados e mais exigentes…
tornar-se mais fácil comprar estes azeites maravilhosos que se produzem mas ainda não estão na grande distribuição…
começar a ensinar as crianças a apreciar o azeite, mesmo numa lógica de prova, em ambiente escolar.
E dá uma dica estratégica, a usar por pais desesperados: o azeite como tempero torna os legumes muito mais atraentes ao paladar infantil.
O guarda-roupa perfeito… de azeite
De acordo com as suas notas de sabor e aroma, o azeite não combina todo da mesma forma com diferentes alimentos. Uns vão melhor com carne, outros com salada, legumes, peixe, frutos secos…
Assim, saí da nossa conversa com uma lista de compras: um Cartuxa para as minhas saladas de mozzarella com tomate, um Herdade da Figueirinha para os espargos a vapor – sim, eu gosto e faço muitas vezes – e um Quinta do Crasto Premium para as minhas tartes de amêndoa.
Fiquei mesmo assim super satisfeita quando me disse que o azeite que habitualmente compro é um “bom todo-o-terreno”, fica bem mesmo numa sobremesa.
A sério, azeite numa sobremesa?
Para experimentares, aqui fica a receita de Laranja da Carolina e do Edgardo
Por pessoa
Uma laranja descascada e cortada às rodelas
1 colher de café de azeite Esporão biológico
1 colher de café de mel
1 colher de café de canela em pó
Dispõe as rodelas de laranja num prato e tempera com os restantes ingredientes. Saboreia!
Dicas Glow Chef
Para se manter saudável, o azeite deve ser usado como tempero a frio e não como gordura para cozinhar.
Mesmo numa dieta, deves usar um pouco de azeite para temperar os legumes e saladas – de acordo com informação dada por nutricionistas, os micronutrientes destes alimentos são melhor digeridos, e por isso aproveitados pela nossa saúde, na presença de gordura.
Os 100 melhores azeites de Portugal
Se não conhecem o livro, vão a correr comprá-lo. Ou comprem do sofá, aqui mesmo.
Fotos: Carolina Moreira
(*) Se tiveres curiosidade sobre este tema, podes por exemplo consultar a página www.alimentacaosaudavel.dgs.pt onde encontras informação interessante. Ou, mais lúdico ainda, os programas de culinária do Jamie Oliver associados aos seus dois últimos livros também estão desenhados à volta deste tipo de conclusões.
Gorduras saudáveis, ora aqui está um tópico interessante! Se, como eu, és do tempo em que “fat free” é que estava a dar, é provável que este tema te deixe ainda um pouco desconfortável…