Cuscuz… sem trigo??
Ok, confesso que estou a esticar a definição de cuscuz 🙂
Na realidade este prato usa a quinoa como se fosse cuscuz verdadeiro. O cuscuz é feito à base de farinha de trigo (semolina) e eu, na minha orientação anti-glúten, prefiro substituí-lo por alternativas, das quais a quinoa é a minha favorita. Além de que prefiro mesmo o gosto da quinoa ou do trigo sarraceno, que é também uma ótima alternativa sem glúten para receitas que incluam cuscuz ou “fregola” – um cuscuz de grão bastante maior muito usado, por exemplo, pelo Yotam Ottolenghi.
Pratos versáteis são os meus favoritos
No livro “Chegar novo a velho – receitas” existe uma receita de “cuscuz marroquino reinventado”, que a minha amiga Carolina experimentou e adorou. Resolvi experimentar por duas razões, além da opinião favorável: por um lado, é feito à base de legumes assados, que eu adoro; por outro lado, é composto por ‘peças’ que podem ser combinadas de outra maneira e por isso com uma passagem pela cozinha fico com ingredientes cozinhados para outras refeições. Para quem almoça quase sempre em casa, é ótimo só ter que fazer “corta e cola” e … um prato pronto em poucos minutos!
Legumes … que legumes?
Para variar, alterei a receita original. É mais forte que eu, simplesmente não resisto.
Mas há boas razões: estamos no inverno e por isso tudo o que seja reconfortante e antioxidante tem o meu coração. E estômago, já agora 😉
Há no entanto ingredientes cuja digestão é mais difícil e, no meu caso, o pimento vermelho é uma delas. Assim, reduzi a quantidade de cebola e de pimento vermelho e acrescentei batata-doce e cenouras. Também substituí o vinagre balsâmico glacé, que acho uma invenção desnecessária – afinal queremos ou não reduzir o açúcar? – por vinagre balsâmico do verdadeiro. Chama-me snob… Se quisesse ser ainda mais purista, o sumo de meio limão também ficaria ótimo.
Benefícios nutricionais dignos de nota
O livro referido tem comentários sobre cada ingrediente e o efeito que pode ter sobre o nosso corpo. A base de beringela tem um efeito probiótico, excelente para fazer funcionar os intestinos mais preguiçosos. Tem ainda vitaminas A, B3, B5 e C , cálcio (ótimo para os meus ossos), potássio, fósforo e ferro. Segundo dizem, ajuda a baixar a tensão arterial e ainda há indícios do mesmo efeito sobre o colesterol.
Bom, se eu tivesse lido este parágrafo mais cedo tinha posto mais beringela!
O pimento vermelho, a batata-doce laranja que usei e as cenouras têm já conhecidas propriedades antioxidantes e de prevenção das doenças cardio vasculares.
Os pinhões também são uma gordura saudável mas isto fica um tratado se eu detalhar mais informação. O melhor é mesmo leres no livro. Podes espreitá-lo aqui.
E a receita?
O ponto fraco desta receita é a preparação dos legumes todos em cubinhos, demora um bocado. Em caso de pressa mais vale fazer pedaços maiores. Mas o trabalho valeu a pena, ficaram como pedrinhas preciosas no tabuleiro:
Também achei pouca quantidade para seis pessoas, como diz a receita. Na realidade, ou tínhamos muita fome ou as quantidades estão incorretas pois o que fizemos deu para três, como prato principal.
Ingredientes
Para três pessoas
- 1 chávena de chá de quinoa cozida (a medida é da quinoa crua)
- 1 beringela
- 2 batata-doce laranja
- 1 cebola roxa
- 1/2 pimento vermelho (põe todo se gostares muito)
- 2 colheres de sopa de óleo de coco
- sal e pimenta
- 1/2 chávena de chá de passas
- 1/2 chávena de chá de pinhões
- 1 colher de sopa de azeite virgem extra
- 1 colher de sopa de vinagre balsâmico
Método
Aquece o forno a 200º C.
Começa por cortar todos os legumes em cubinhos, como na foto.
Tempera com o óleo de coco derretido, sal e pimenta preta. Põe no forno por 20 minutos. Nesta altura mexe-os e se precisarem deixa mais 10 minutos. Devem ficar assados mas não desfeitos.
Nesta altura, prepara a quinoa, o que deve levar 15 minutos no máximo. Tens a receita num outro artigo aqui no Glow Chef: “Quinoa, modo de usar“.
Podes alourar os pinhões numa pequena frigideira. Eu não o fiz porque uma médica funcional que consultei há uns anos me disse que aquecendo os frutos secos a sua gordura fica menos saudável.
Quando a quinoa tiver arrefecido um pouco, coloca num prato grande, com os legumes, os pinhões e as passas por cima. Tempera com o azeite virgem extra e o vinagre balsâmico.
Feito desta maneira este prato é uma refeição completa vegan e sem glúten.
Podes no entanto usá-lo como acompanhamento de uma carne assada ou estufada.
Dica prática: cozinha 1 vez come 3
Faz o dobro da receita da quinoa e dos legumes. Guarda em caixas separadas e usa no dia seguinte.
A quinoa:
- como acompanhamento de salmão no forno, também com brócolos a vapor.
- faz rolinhos de sushi vegetarianos, usando a quinoa no lugar do arroz e com alga nori por fora.
Os legumes assados:
- como acompanhamento de bifes de frango grelhados.
- como recheio cogumelos portobello, que levas ao forno por 20 minutos, com uma crostinha de amêndoa e alho em pó por cima.